domingo, 15 de março de 2009

Quem sou eu, agora.

Por mais que gritasse,
gritos de amor,
não fui escutado.
Nem minhas expressões
tiveram validade.
Vi meus sonhos, antigos,
serem deixados em uma gaveta,
em um canto qualquer.
Meus sonhos deixaram de ter sentido.
Eles, que pareciam tão grandes,
impossíveis de serem alcançados,
foram deixados de lado.
Agora chego ao extremo,
a beira do precipício.
Olho e pergunto:
- Quem sou eu?
- O que faço aqui?
Sinto o cheiro da terra fresca,
será que morri?
Despojo-me de tudo que tenho.
Desnudo-me de todas as minhas coisas.
Deito ao chão todas minhas lembranças.
Sem paixão não consigo viver
e estou morrendo, aos poucos.
Quem me conhece
sabe que não consigo viver assim,
como um vulto sem alma,
só um resto do alheio meu.
Gostaria de chegar ao paraíso, leve,
bem leve, mas meu corpo está pesado,
muito pesado.
Humilho-me
ao ouvir você cantar
outros cantos,
a servir outras bocas
e nada falo.
Fecho minhas portas,
deixo os bons e os maus
do lado de fora.
Perdoai-me,
mas quero ficar leve
para ser levado pela
leve brisa da manhã.

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