sexta-feira, 26 de junho de 2015

Pássaros







São como pássaros os poemas
Que migram feito louco
As vezes vem as dezenas
Outras vezes só um pouco

Pousam onde não se sabe
Formando um livro que lês
Talvez nunca acabe
Este presente para vocês

Quando fechas este livro
Pensando em sufocá-los
Nem um pouco me livro
De novo pouso lhes dá-lo

São navios sem porto
Buscando alimentação
Pode suscitar um morto
Ou joga-lo na escuridão

Em meio a tuas mãos vazias
Eles são como esperança
São águas em uma bacia
Contidas por uma lembrança

sábado, 20 de junho de 2015

Sobra







Quando pego na moldura,
onde está teu retrato.
Vai embora a amargura,
E sobra o desamparo.

O sorriso congelado,
E o olhar ainda com brilho.
As cores em um emaranhado,
Parece tudo um desafio.

A moldura, agora fria,
Não demonstra o que resta.
Saudade e nostalgia,
É que sobrou da festa.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Sou Humano




Sou humano não poeta,
Para passar por esta dor.
Que agora  me aperta,
Como garra de condor.

Sou poeta não humano,
Para sentir no coração.
Esta falta desumana,
provocado pelo não.

É ter de ficar mudo,
De ficar sempre a sonhar.
De ser o pior dos vagabundos,
E pensar em me matar.

Por causa de um amor,
Muito louco que não acaba.
Que no mundo plantou dor,
Uma dor que me arrasa.





quarta-feira, 10 de junho de 2015

Sou Poeta





Ser um poeta,
Um eterno sonhador.
Achar que será um atleta,
Nesta competição com a dor.

Ser poeta escritor,
E sonhar com o infinito.
É surfar num mar de dor,
E se achar no paraíso.

Afinal o que é ser poeta,
Além de ser sem valor.
É ser só mais um pateta,
Nestas coisa do amor.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

A Cura





Volto para casa,
Como se tivesse voltado da guerra.
No corpo não há mais nada,
Além da adormecida fera.

Ferido, sangrando,
Sem ninguém para entender.
Vendo a vida levando,
O que de mim irá morrer.

Nos cantos, lugares sombrios,
se foi o brilho do olhar.
A vela já queima o pavio,
Pois não tem mais para queimar.

A cada dia a morte me chega,
Silenciosa e lentamente.
Por mais que não se perceba,
É o meu fim iminente.

Tivesse ficado na guerra,
Entre tiros e rojões.
Lá sempre alguém me espera,
Curando os corações.