domingo, 29 de março de 2009

Passeio

Em meu coração há uma doçura imensa
Que tenho de dividir contigo.
Vêm comigo caminhar na minha estrada
Meu amor, vêm.
Vêm passear comigo, de mãos dadas,
Andando lentamente pela estrada.
Não te direi nem uma palavra
Estarei admirando-te enquanto andamos.
Só a felicidade nos acompanhará.
Neste momento amado,
Estaremos sós,
Só nós dois e nossos sonhos.
Ao lado de nossa estrada
Estarão as flores
com seus perfumes
a nos deixar mais embriagados
de nós mesmos.
Parecerá que nascemos
Naquele instante,
Nada mais haverá
Nem dor, nem aflição,
Tudo estará renascendo.
Em nosso silêncio,
nossos corações dirão coisas
que só eles entendem.
Só coisas lindas.
Hei de ser sempre teu
E hás de ser sempre minha
Viveremos os dois juntos
Em nosso sonhos,
Neste sonho de passeio.

Eu Vi

Vi mares,
Vi ilhas,
Vi as luas e as estrelas
Quando navegava.
Em terra
Vi caminhos floridos
E perfumados,
Vi árvores frondosas
Com sombras aconchegantes.
Senti o cheiro das frutas,
Ouvi o canto dos pássaros.
Nada disto me acolheu
Nem os mares,
Nem as ilhas.
Nem as luas e as estrelas
me encantaram.
Os caminhos floridos e perfumados
nem percebi.
Das sombras refrescantes
Não aproveitei.
Os cantos dos pássaros
Também não ouvi
Parecia estar surdo.
Nada, nada disto me encantou,
Pois me faltava você.
Sem você ao meu lado
Nada faz sentido
Nada tem valor.

Minhas Poesias

Bebi, bebi muito
das minhas poesias
e embriaguei-me
com o prazer que elas me dão.
Embriaguei-me
nas viagens que elas me proporcionaram.
Nelas adquiri liberdade,
elas deram-me asas.
As vezes elas são calmas,
como as águas de um lago
outras vezes caudalosas
como as de um rio em correnteza,
mas sempre serão doces,
para mim.
Procuram tratar de tudo um pouco,
de amor, de morte,
de perda, de encontros,
de alegrias e de tristezas.
Procuram sobreviver ao tempo,
quando já não mais estiveres aqui,
mesmo as vezes elas sendo melancólicas demais.
Nelas desabafo um grito contido,
e grito de maneira surda,
como se mudo fosse.
As vezes elas vêm de forma violenta,
jorram aos borbotões,
mal acabo de escrever
e começo novamente.
Outras são como chuva de verão,
vem violenta e logo vão embora,
as vezes deixando até algum estrago.
Eu as direi, sempre,
nas minhas grandes palavras,
serei sincero e verdadeiro
naquilo que escrever.
Viverei aquilo que escrever.
Colocarei no papel
aquilo que foi-me soprado,
no ouvido por algum anjo torto,
desejando ser somente feliz e calmo,
poeta e sonhador,
desejando que as volúpias passem por mim
a cada segundo.

Eremita

Onde estás, amor
Que não respondes mais
As minhas cartas de pavor
Por não poder te ter jamais.
Caminhaste pela noite adentro
Ou fostes levadas pelo vento.
Não importa, deixaste aqui
Vazio um peito, um coração
Deixaste aqui aos montes só solidão.
Uma saudade abundante,
Sobre mim,
Derrama de forma constante
Não me deixes só, assim.
Amor, volta logo, volta para o que é teu.
Vem suavemente aninhar em meu peito,
Faz dele, neste momento, o teu apogeu
Faz-me repleto e satisfeito.
Busco em mim algum resquício meu
Para diminuir a angústia que sua falta me faz
E só nas memórias te tenho agora, amor meu.
Em meus braços, o vazio se faz.
Busco palavras e não as encontro
Em minha face lágrimas secaram
de tanto meus olhos te buscarem
no brilho do sol.
Eremita era, eremita estou,
Não desejo mais ser ermitã.
Quero de volta sua alegria.
Quero de volta seu calor.
Quero de volta seu amor.
Quero de volta minha metade
Que levaste quando se foi.
Completas aquilo que conquistastes
E que deixaste de uma maneira brusca.

Navegando

Sou um barco
navegando em águas já conhecidas
de outras épocas, de épocas passadas.
A minha volta as ondas atingem meu costado,
tentando empurrar-me em outras direções,
mas sigo firme o meu curso, o meu rumo.
Outras vezes, as ondas, vêm de maneira forte,
verdadeiros vagalhões,
tentando fazer com que submerga,
luto, brigo, tento manter-me em pé,
na posição vertical,
buscando os lastros que ainda possuo
para me sustentar.
Olho para o alto,
fragatas voam a minha volta,
banhadas pelo sol,
suas penas brilham suavemente,
a tudo observam com seu olhar copioso,
ora me ajudando, ora torcendo
para que naufrague para lutarem pelos despojos.
Ao longe vejo terra distante,
vejo meu objetivo que tanto procuro
e a cada milha náutica avançada
a terra prometida parece se afastar mais e mais.
Cai a noite, tudo é solidão,
as fragatas não as vejo mais,
me abandonaram,
somente os vagalhões continuam a me açoitar.
Oh! Luta injusta.
Se ao menos a terra prometida pudesse vir ao meu alcance
encontraria a paz para um verdadeiro descanso.
Sigo, sigo firme, corrijo o rumo a cada vez que tentam dele me afastar. Sigo meu objetivo.
Sigo buscando aquilo que desejo, aquilo que quero.
Um dia quem sabe DEUS ainda a alcanço para todo o sempre.

Falta Algo

Falta algo ou alguém.
Estou cercado
por mais de 2000 pessoas
e falta algo.
Falta Sorriso,
alegria,
murmurinhos diversos me cercam
e me sinto tão só.
Parece um mundo vazio.
Você está me fazendo falta.
Como queria você aqui,
comigo, agora, juntinho de mim.
Vendo o que estou vendo,
sentindo o que estou sentindo,
vivendo o que estou vivendo,
mas você não está aqui para preencher meu vazio.
Estes dois dias estão longos demais,
muito longos para agüentar só.
A distância parece não ter fim.
Olhos suas lembranças,
beijo-as e sonho com você.
Minha imaginação voa,
voa daqui para junto de você.
Amor, meu grande amor,
vem para mim, rápido,
estou precisando de você
como nunca precisei.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Sonhos

Não era um sonho inventado,
mas vivo,
existente.
Ninguém lhe dava nada
e nem tampouco a mim
e as poucas migalhas
que lhe dei
e que recebi
eram como banquete
oferecido aos deuses.
O mundo passava,
e nós estávamos postados
um a espera do outro.
Trocando migalhas
nos alimentamos,
nos fortalecemos.
Passamos a ter forças
para brigarmos por nós.
Em nosso mundo,
irreal,
nos poucos momentos
em que nele estamos
tudo é paz,
tudo é serenidade,
tudo é amor.

Alheio

Estamos ouvindo músicas alheias
Logo tudo de ruim será substituído.
Nossas lágrimas serão de alegrias
e não mais de tristezas.
Logo, logo, serei seu rei
e você minha rainha
em nosso reino encantado.
Não mais falarei de ti
como saudade,
e sim como presença constante.
Poderei falar de meu amor
de forma clara e não por metáforas
O mundo se abrirá de maneira intensa.
Temos tanto que fazer
e fizemos tão pouco
e o tempo é tão curto.
Talvez nunca soubéssemos
quem nós éramos de fato.
Toda nossa tristeza será nobre,
e entre o sol e a lua
só existirá nosso amor
vivendo de fato.
Quantas coisas vivi
e que eram merecedoras
de minhas lágrimas
De minhas sublimes lágrima,
minhas longas lágrimas.
Das lágrimas recordo,
as coisas as guardo.
Elas não me levaram a lugar algum.
Maiores do que as coisas choradas
foram as lágrimas derramadas.
E de longe,
na solidão sem sentido,
vou além e ouso sonhar ainda,
ouso voar mais alto e mais longe
para ouvir seu nome.

Nova primavera

Não adianta a porta fechar.
Outras mil abrem a minha frente
e sempre tenho de escolher.
Ó suave amiga,
ouço no silêncio do vento,
palavras doces ditas por ti
e que me chamam,
convidando-me a pisar em brancas nuvens
com extrema delicadeza.
Não deixarei este jardim
morrer de sede.
Aspergi sobre ele
um pouco de amor,
não deixarei, desta vez,
que o sol calcine-o de vez.
Espalharei mil gotas
em cada planta,
em cada pedra,
em cada canto.
Assim abrirá em meu jardim
tanto a rosa, quanto o jasmim.
Aguardarei nova primavera,
de mãos dadas
cantando nossa canção.
E não serão os reis e rainhas,
ocultos,
que nos impedirão de ver
nossas flores abrirem.
Estaremos de mãos dadas,
cantando nossas canções,
vendo nossa vida renascer.
Nossa vida será das coisas amadas.
Nosso jardim será todo bordado
com cores vivas e intensas
Vivemos o que nunca viveríamos.
Não seremos mais como fantasmas.

Passeio

Névoa tênue cai sobre mim
Tu, sonho que és de meu sonho
leva-me por estranhas terras.
As vezes desertos,
as vezes oásis.
Pessoas que conhecia
mostram-me seus rostos
desconhecidos por mim.
E eu desejaria
que nunca os tivesse visto.
Fico triste.
Mais tarde encontro meu sonho,
o sonho de meu sonho
e não há mais tristeza.
Já estava a morte,
meu destino era incerto e inseguro,
só não era indiferente
Não poderia acabar nas cinzas
de meus próprios sonhos.
Falei o que não queira falar.
Vivi o que não ousava pensar.
Sonhei o que desejava sonhar.
Minha vida é apenas minha alma
me levando para passear.

Palavras

Não pense que tudo que escrevo
é direcionado a você.
Nem tudo é.
Não tente interpretar
as coisas escritas
como mensagens subliminares,
que contêm algo escondido,
e que só “alguém”
vai saber o seu significado.
Não, não é assim.
Minhas palavras saem,
fluem as vezes,
sem um destino definido.
As vezes este destino
aparece tempos depois dos escritos
e as palavras encaixam-se de maneira perfeita.
Não as leve tão a sério,
A vida já nos deixa sérios demais.
Interprete-as como simples palavras,
Saídas de uma mente sonhadora
e de um coração desatinado.
As minhas palavras são só palavras,
nada mais do que isto.

Boas Festas 2008.

Neste ano que ora se finda
aconteceram muitas coisas
e todas foram bem-vindas.
Todas serviram de lição
e estão guardadas
na minha mente e no meu coração.
Amigos novos ganhei,
outros pela vida perdi.
Algumas pessoas vi chegarem,
outras tantas vi partir.
Vi meus filhos crescerem,
não na altura, mas na essência.
Com o sol, conversei.
Para a lua, confessei.
Com o mar , algumas lágrimas compartilhei.
Escrevi, escrevi muito, minhas poesias,
e as dividi com quem as precisasse.
Tentei levar a vida de maneira diferente.
Sendo um pouco mais crente
e sendo egoísta também,
afinal pensar um pouco só em si
não faz mal a ninguém.
Enfim, neste ano vivi.
Vivi novas emoções,
novos sentimentos,
novas perdas.
Tudo fez parte do meu aprendizado.
Agora é desejar a todos
que o Novo Ano seja repleto de novidades.
Que todas as pequenas coisas que o compõe
nos faça crescer,
na essência.

Boas Festas.

sábado, 21 de março de 2009

Viva

Exercite sua adolescência.
Não a deixe morrer.
Seja um pouco inconseqüente.
Seja criança.
Role no chão.
Ria, sorria, gargalhe de vez em quando.
Tome um sorvete a tarde,
Escondido do seu médico.
Coma um brigadeiro,
Se lambuze de chocolate.
Pise na grama.
Vá ver um pôr-do-sol,
A beira da praia.
Pareça ridículo.
Seja bobo,
Deixem pensarem que você é bobo.
Vá ao zoológico,
E a um circo também.
Chore com uma propaganda
ou um filme bem melado.
Se emocione.
Não deixe seu coração empedrecer de vez.
Sente no chão com seu filho,
ou filha,
ou sobrinhos,
ou o filho do vizinho.
Tenha contato com crianças.
Sonhe o que quiser,
se não acontecer
pelo menos você viveu-os
nos seus sonhos.
A vida e muito curta para tantos planos.
Eu já fiz vários e vários
e não vivi,
e nem os vivi tampouco.
A incompreensão sempre o acompanhará,
então faça dela sua companheira
nas suas mais absurdas loucuras.
De a mão a alguém que você goste muito
e saia passeando em uma tarde.
Viva!
Viva da maneira que você achar melhor,
afinal a vida é sua,
só sua
e ela é curta,
muito curta.

A Beira D’água

A beira d’água moram
meus olhos,
minha alma,
meu ser.
A beira d’água vivo.
Elas estão sempre
em meus olhos.
Lembrando-me o tempo todo
que posso me afogar
a qualquer momento.
Tudo que sonho,
é um alvoroço.
Tudo que sonho,
é complicado.
Tudo que sonho,
não é entendido.
E a beira d’água vivo.
O tempo todo.
Todo o tempo.
Em um sonho me perco,
e em uma saudade volto.
A beira d’água vivo.

Sem rumo

Minha sorte,
minha morte.
Sou sombra da sombra
nas tristes madrugadas.
Ao redor,
tudo e nada.
O meu passado não pode
viver no meu futuro,
ele é sombra em meu presente.
Tenho o amor a minha frente
e a morte a me espreitar por trás.
Vago pelos sonhos noturnos,
silenciosamente,
aos prantos,
sem lágrimas.
Não perguntavam por mim.
Não deram por minha falta.
Minha ausência não foi sentida.
Passei a andar ao longe.
Meu corpo em silêncio
e minha alma em mistérios.
Passei a viver no mundo vivido
em um mundo sonhado.

Meu coração

Meu coração,
não é mole e nem duro,
não é feito de carne e nem de pedra.
Ele é feito de magias,
de fantasias,
de sentimentos.
Ele é feito de quimeras.
Não consigo carregá-lo sozinho
preciso de alguém
que queira dividir este fardo comigo.
Vem! Vem me ajudar
a carregar este coração meu,
quem sabe se ao lidar com ele
você poderá até se encantar
ao descobrir o que tenho nele guardado.
Vem! Me ajuda nesta tarefa.
É muito para uma pessoa só fazê-lo.
Se carregá-lo sozinho posso deixá-lo cair
e ele irá quebrar,
e todo encanto nele contido
irá se espalhar
e poderá ser levado pelo vento.
Vem, não me deixe só.
Talvez nossas vidas juntas
possam facilitar o transporte dele.
Vem ! Vem logo!
Não me deixe mais só.

Se perguntarem

Se perguntarem como vivo,
O quê direi?
Direi que vivo sonhando,
como nunca sonhei.
Direi que vivo sozinho
sem ninguém.
Gostava de estar contigo,
mas fugiste de mim.
E perambulo no mundo
qual perfume de jasmim.
Sonho não volta,
não se chama.
Dizer nunca mais
é demais para mim.
Prefiro dizer até logo,
até breve,
até daqui a pouco.
Seguirei sempre te amando,
escondendo-me
em outros sentimentos.
Para quem ama, como te amo,
uma vida é muito pouco.
Então vem juntar a sua com a minha
e talvez, nossas vidas juntas,
possam viver este grande amor.

Exílio

Estou exilado,
como morto,
longe,
em terras estranhas.
Para consolar-me só meus versos,
poesias duras,
exaladas por um coração machucado
de tanto calar aos seus anseios.
Nada acalma minha alma sonhadora.
Grito e ninguém me socorre,
já não me importo mais comigo.
Olho meu rosto,
está marcado,
meus cabelos embranqueceram,
minha vida está passando
depressa demais
e não encontro meus objetivos.
Minha essência é morta.
Andei tão longe e tão separado
de minha alma,
do meu mais querer.
Busquei amores dispersos,
frágeis, efêmeros.
Tudo era tão belo e tão triste.
De longe hei de continuar amando.
Na tranqüila distância da eternidade.
Meu amor será só saudade,
desejo e constância de tua ausência.

domingo, 15 de março de 2009

E quando você se foi

E quando você se foi,
eu não estava preparado.
Senti um baque no corpo,
uma perda de alma.
Você tinha de ir
e me deixou para trás.
Preocupou-se como eu estava,
mas tinha de ir.
Era preciso.
A saudade deixada,
junto com a perda,
fez um estrago enorme
e não teve reparação,
não teve nada que conciliasse
meus pensamentos.
A chaga sangrava,
sem dó,
eu chorava calado,
sorrindo,
para você não perceber
o quanto me causava sua falta.
Até hoje a ferida sangra,
de maneira suave,
na calada da noite,
mas você se foi,
era preciso.
O tempo se encarrega
de fechar as feridas,
dizem alguns,
para outros o tempo
só sangra mais as feridas.
Temos de conviver
com nossa feridas
por mais que elas doam,
temos de conviver.

Dorme, menino, dorme...

Dorme menino, dorme....
Sonhe todos os sonhos que gostaria.
Não fazes mal a ninguém em sonhar.

Dorme menino, dorme....
Que Deus te deu este direito,
de em teus sonhos viajar.

Dorme menino, dorme...
E sonhe com os anjos,
Todos, os que você possa imaginar.

Dorme menino, dorme...
A vida passa muito rápida
e não para, para te esperar.

Dorme menino, dorme...
E quando acordar, tome cuidado
este sonho não pode continuar.

Acorda menino, acorda.....
Olhe sempre para a frente
E não para desertos que te margeiam.

Vida minha

Choro o que não se chora.
Guardo o que não se pode guardar.
Meus segredos guardo nos olhos meus.
Em meu rosto tenho desenhado o mistério.
Como um condenado, logo vou ao cadafalso.
Quero seguir sem tormentas.
Sem perguntas, sem respostas.
Que nada mais haja
entre as estrelas e o infinito,
entre o vento e o pó.
Passei por esta vida
buscando minha busca.
Vi nuvens flutuando no céu
Vi flores embelezando os campos verdejantes
Vi rios e lagos plácidos a me contemplarem.
Vi angústias de amores perdidos.
Vi emoções de amores encontrados.
Vi o vento levantar poeira.
Vi a chuva mantê-la baixa.
Vi a vida passar.
Passei por caminhos estranhos.
Tive encontros Divinos.
Agasalhei e fui agasalhado.
Dei meu coração algumas vezes
e tomei alguns emprestado.
Dormi o sono justo
e também o sono tumultuado.
Me perdi em solidões.
Me encontrei em aconchegos.
Garimpei onde só havia cascalho
e algumas pepitas encontrei.
Plantei flores no deserto,
destruí alguns jardins.
Vivi de esperanças,
de dores, de amores, de dores de amores.
Conversei com doçura,
escutei com ternura.
Vi os comuns tornarem-se especiais.
De quase tudo falei e um pouco mais escutei.
Venci uma luta e fui festejado, com glórias,
mas minha espada estava suja de sangue.

Idas e Voltas

O tempo desordena meus pensamentos.
Os ventos embaralham as idéias.
Tudo que sabia
ficou perdido.
As palavras tornaram-se longas
e desnecessárias,
sem sentido, vazias.
A ausência do feliz e pleno
tornou-se amargo e cruel.
Fica a memória mirando o ilusório.
Minha vida que é feita
de chegadas e idas
quer novamente partir.
Será que agüento nova jornada?
Sempre haverá menos felicidade na ida
e muitas lembranças na volta.
Coitado de quem é chegado e não chega,
por mais que queira,
sempre estará em outro lugar
e não naquele em que está.
Sempre será um estranho
no meio dos conhecidos.
Um solitário acompanhado.
Um morto sem corpo.
Um corpo sem alma.

Quem sou eu, agora.

Por mais que gritasse,
gritos de amor,
não fui escutado.
Nem minhas expressões
tiveram validade.
Vi meus sonhos, antigos,
serem deixados em uma gaveta,
em um canto qualquer.
Meus sonhos deixaram de ter sentido.
Eles, que pareciam tão grandes,
impossíveis de serem alcançados,
foram deixados de lado.
Agora chego ao extremo,
a beira do precipício.
Olho e pergunto:
- Quem sou eu?
- O que faço aqui?
Sinto o cheiro da terra fresca,
será que morri?
Despojo-me de tudo que tenho.
Desnudo-me de todas as minhas coisas.
Deito ao chão todas minhas lembranças.
Sem paixão não consigo viver
e estou morrendo, aos poucos.
Quem me conhece
sabe que não consigo viver assim,
como um vulto sem alma,
só um resto do alheio meu.
Gostaria de chegar ao paraíso, leve,
bem leve, mas meu corpo está pesado,
muito pesado.
Humilho-me
ao ouvir você cantar
outros cantos,
a servir outras bocas
e nada falo.
Fecho minhas portas,
deixo os bons e os maus
do lado de fora.
Perdoai-me,
mas quero ficar leve
para ser levado pela
leve brisa da manhã.

Compreensão

Podes me tratar como quiseres,
não sou feliz e nem triste,
sou só um eu,
um eu perdido no mundo
de outras pessoas.
Meu corpo e minha alma
já não mais me pertencem,
pertencem a quem deles
se apropriou.
Meu destino é ir mais longe,
mais além, buscar a paz.
Não soube voar o vôo certo
busquei um céu nublado
e docemente me perdi.
Fui longe demais
e nem sei o caminho de volta.
Agora, sem medo e sem desejo,
entrego-me a mim, só a mim
para tentar o sossego.
Quando mirar-me
não me olhe com desprezo
e nem com rancor.
Não leve minhas mágoas contigo,
elas são muitas para você,
deixe-as no caminho
os ventos se encarregarão
de espalhá-las.

terça-feira, 10 de março de 2009

Poema ao Vazio

Você que a tudo preenche
e está em todos os lugares
é chamado de vazio,
mas como é vazio
se você tudo preenche.
Preenche meu peito
e minha cabeça, as vezes.
Entra nas minhas palavras
e até nas letras tento te descrever.
Você é falta de tudo
e na sua falta tudo assim fica.
Vazio por dentro,
vazio por fora.
Assim me sinto,
vazio de vazio
quando contigo não estou.
Contigo não existe vazio
Sem você só existe o vazio.
Você, vazio,
já foi repleto, um dia,
e deixei você esvaziar
ou não soube te conservar cheio.
Não quero mais conviver
com o vazio,
procuro o pleno,
o absoluto,
o imaginário.

Entrega

Entreguei meu coração a você
e você cuidou dele a sua maneira.
Frutos brotaram,
sementes foram plantadas,
tudo no início eram flores e frutos,
mas a terra não se cuida só,
alguém deve regá-la,
alguém deve cuidá-la, as vezes.
E a terra secou.
Rachada de tanta aridez
parecendo solo nordestino
castigada pela seca brutal
do tudo está bom,
tudo se conserta só.
Errei ao não solicitar.
Errei ao me dar.
Errei ao calar.
Errei ao não escutar.
Calado, cego, mudo,
permaneci ao teu lado.
Olhando tudo passar,
Olhando a todos falar.
Olhando tanta dedicação
Olhando o meu tempo passar.
De repente o peito explode,
A cabeça vira.
Tudo é revolta,
Tudo é desamor,
Tudo é desprazer.
Entreguei, errei, calei, olhei, revoltei.
Conversei e nada mudou.
Acho que está na hora de ir.
Meu tempo passou.

Tudo é tão bom

Tudo é tão bom
quando se sonha.
Todas as coisas
ficam descontroláveis.
Os segundos não tem fim.
Os dias felizes
são constantes
basta que toque uma canção
e mesmo que não estejamos juntos
nos deslocamos
para este nosso novo mundo.
Tudo fica mais claro,
mais leve,
muito mais simples.
O coração dispara
e alma diz continua,
voe, voe teu sonho
eles são raros.
Entregue-se,
saia do limite,
fuja de você,
perca o tempo,
não perca o momento.
Não viva o triste,
Viva toda alegria
deste minuto.
Fuja,
e leva sua felicidade,
contigo,
no peito.

De que valeram

De que valeram
tanta dedicação.
Meu olhar ficou pedido,
perdido no tempo,
perdido na solidão.
O reconhecimento virou rotina
nada mais se fala.
Será que tantos avisos
de nada valeram.
Fazer amor,só por fazer
não é nada bom.
Machuca mais
do que dá prazer.
As coisas acomodaram
e agora choro
em uma saudade presente.
Sua imagem, agora,
só causas dor.
Será que acabou o amor?
Ambos pedidos.
Achando que tudo
se resolve
com o tempo,
mas o tempo é implacável
ele constrói,
ele destrói,
e outra vez eu choro.
As cobranças, veladas,
deveriam ser mais claras.
Deveríamos ter nos desgastado mais,
mas as vezes deixamos para lá.
Desinteresse?
Acomodação?
Medo de perder?
Medo de brigar?
Perder ou ganhar?
E agora choramos.

Flutuando

Andei flutuando,
flutuando na saudade,
esperando futuros encontros
impossíveis de acontecer,
aqui nesta vida
ou só acontecendo
na imaginação.
A noite leva meus pensamentos
para longe de mim
e joga-os perto de você.
E nestes encontros furtivos,
e lépidos,
deixei-me falar palavras
perdidas de amor,
deitei-me em teu colo,
e perdi-me olhando teu rosto.
Fui respondido docemente
por você, com olhares sutis,
com palavras sinceras.
Era felicidade instalada,
a felicidade encontrada.
Debrucei-me
na beira deste lago
profundo de amor,
escorreguei e caí.
Afoguei-me
no doce lago
da felicidade.
Amar é mesmo tudo.
Agora não quero mais ser feliz,
quero momentos felizes,
momentos eternos.

Meu corpo

Meu coração,
não quer mais pedir,
cansou de receber sobras
de quase tudo.
Meus olhos, vermelhos,
querem agora sorrir,
procuram um motivo
onde possam repousar
em total tranqüilidade.
Minha alma,
não quer mais brigar,
extenuou-se.
Minha cabeça,
só quer ficar em paz,
pensar só em coisas não ruins.
Meu corpo, agora,
pede sossego,
afinal já são tantos anos
de lutas, brigas.
Algumas conquistas
e algumas derrotas também.
Quero paz, viver em paz.
Se preciso for,
até sofrer um pouco,
pois é inevitável,
mas eu tentarei escolher
o motivo desta alguma dor.
Não estranhem
se minhas pernas levarem-me
por outros caminhos,
se meus braços acenarem
para outras pessoas.
Se meus lábios sorrirem
outros sorrisos.
Olhe meus olhos
e veja como eles estão.
Se estiverem bem
sorriam comigo.
Se não, ainda estarei
com minha alma chorando.

domingo, 1 de março de 2009

O Amor

O que é o amor?
O que é amar?

É um querer constante,
uma dor pulsante.

Que insiste em doer,
insiste em se fazer.

É uma vontade de sempre se ver,
de sempre se querer.

É uma saudade eterna,
de um enrolar de pernas.

Uma vontade constante,
de abraços a todo instante.

É uma falta doente,
de um beijo ardente.

É uma solidão agoniada
de se aninhar no colo da amada.

E se deixar ali, quietinho
Como fica um passarinho, no ninho.

É de tudo um pouco
e um pouco de tudo.

É um quase nada
de só se querer a pessoa amada.

Quem um dia conheceu algo assim
Feliz é, pois já vestiu seu sonho do mais puro cetim.

Ronda

Rondo tua porta a noite,
em meus sonhos.
No silêncio da madrugada,
vejo-a deitada,
em sono profundo,
sonhando quem sabe lá o quê,
linda como sempre fostes,
enquanto isto
sigo com minha insônia
desesperada.
Não me acene com um futuro incerto,
não me acene com uma espera delirante,
não me dê nada e nada prometas.
Por mais que eu te prometa
só encontrarás o meu amor a tua espera
nada mais.

Ignorantes

Enquanto sofro,
alguns riem.
Enquanto choro,
outros debocham.
Enquanto soluço,
sou ignorado.
Enquanto sangro,
festejam e comemoram.
Enquanto morro,
aos poucos,
uns sentem-se penalizados
de mim.
Não me importo, sigo minha vida,
pois ela é só minha
e os sofrimentos são meus,
só meus.
Só eu tenho a felicidade de tê-los
e compartilhar com eles
toda minha dor e angústia,
todo meu sofrer de infelicidade.
Riam,
debochem,
ignorem,
festejem
e comemorem
toda sua santa ignorância,
pois só eu conheci o céu
e o inferno.

Ausência

Tua ausência me põe triste,
pois vi que não me queres querer.
Tu fostes meu grande bem
e nada mais, valia tem.
Passas por mim
e não me vês,
senti-me derrotado.
Estás sempre em outras companhias,
alegres, sorridentes
e sigo ignorado.
Compromete-te
com os teus
e deixa-me de lado
por tanto tempo que já nem sei
o que faço lado a lado.
Corro, busco, procuro me mostrar,
os desvios que fazes
me fazem já cansar.
Um dia, talvez,
sintas minha falta
aí será tarde,
tarde demais.

Mando-te

Mando-te meus desejos
naquela nuvem
e que Deus sopre-a
ao encontro teu.
Meus sonhos sonhados
não voltam mais.
Novo sonhos terei,
eu sei,
e serão junto a ti,
e se não os forem
não poderei sobreviver,
pois estarei
sem um coração
a pulsar no peito.
O teu nome eu não sabia
e hoje soluço
pensando em teu rosto.
A vida e tão pequena
para conter todo este meu amor.

Você

Em um tempo
eras só um rosto,
virou um corpo
que conheci
e transformou-se em alegria,
dependência,
e assim como se transformou,
transformou também em mim
tudo que eu achava perdido.
Nunca serás silêncio, em mim.
O tempo, com seu passar implacável,
pode até secar as lágrimas em meu rosto,
mas nunca secará a vontade de chorar por não te ter.
Pode até secar as palavras que tenho guardado,
e que não poderão ser ditas ao seu ouvido.
Pode até secar até a saudade imensa que sinto por você,
mas não secarão a vontade de tê-las.
Pode até tentar secar as lembranças mais doces,
mas jamais conseguirão.
Pode até conseguir secar os desejos mais íntimos,
mas nunca secarão o meu amor por ti.
Queria ser água para te banhar,
escorrer pelo teu corpo,
e deixar-me secar em tua pele.
Queria ser vento, para poder te tocar,
a qualquer hora, em qualquer lugar,
teus cabelos, eu rosto.
Queria ser parte de você,
sua sombra,
para poder sempre estar ao seu lado.