domingo, 27 de fevereiro de 2011

Destino

Apesar de tudo,
Aconteceu.
Mesmo em plena guerra,
Amanheceu.

O corpo doía,
Renasceu.
Na noite fria,
Adormeceu.

Acordou prá vida,
Adoeceu.
Buscou por clemência,
Conheceu o breu.

Já era tarde,
esqueceu.
O corpo sentia,
o que aconteceu.

Nada agora faz sentido,
Se perdeu.
Pensou no que tinha,
Era apogeu.

Olhou o mundo a volta,
Não reconheceu.
Pessoas estranhas,
Cercavam o mundo seu.

Todas mascaradas,
Não eram como eu,
Mas todas sorriam no falso,
Acho que o falso sou eu.

Negou o que via,
Ensandeceu.
Foi morar em hospício,
Enlouqueceu.

Vive só na solidão,
Sofreu.
O destino já estava traçado
E era só meu.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Estranhos

Cruzamos nossos caminhos,
e eu te saudei.
Você, como passarinho,
Bateu asas, eu chorei.

Fui colher uma rosa,
E me machuquei em seu espinho.
Você toda amorosa,
Veio fazer-me um carinho.

A noite já ia alta,
Quando adormeci de mansinho.
Você, muito peralta,
Se foi, me deixando sozinho.

O dia já raiava,
Quando despertei do momento.
Você já se chegava,
Procurando um pouco de alento.

Bebemos do mesmo vinho.
Comemos da mesma carne.
Cada qual no seu caminho.
Cada qual com sua parte.

Assim, juntos e separados,
Tentamos nos levar.
Tem horas de muitos agrados
E outras de muito brigar.

Como dois estranhos,
Podem assim viver?
É muito lanho,
Na pele de qualquer ser.

Mas somos teimosos,
Queremos nos lanhar.
È o mal dos esperançosos,
Sonhar só por sonhar.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Fumaça

Como fumaça me vou,
Espalhando pelo ar.
Dissipando aos poucos sou
Lembrança de se apagar.

Onde fogo havia,
Agora só há cinzas.
Na brasa que ora ardia,
Agora a chama é finda.

Aqueceu,
o que era para aquecer.
Aos poucos esmoreceu,
Para sempre desaparecer.

O fogo que queimava.
A fumaça que sufoca.
Sem saber quem mais incomodava,
Isolei-me em uma loca.

As cinzas o vento leva.
A fumaça se espalha no ar.
No peito se carrega,
O peso de se suportar.

Sumindo, vou aos pouquinhos.
Sem mais sufoco,
Sem mais caminho.
Somente a vontade de ficar sozinho.

O fogo que sinalizava,
pelas águas foi extinto.
Que do olho tanto jorrava,
Deixando espalhado o tinto.

Nuvem, quase virei,
De tanto assim subir.
Com os ventos se juntei
E neles me despedi.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Misteriosa

Seus lábios
são como lagos,
que mergulho profundo
e me deixo afundar,
Me entrego aos mistérios
que eu hei de encontrar.
Sua pele,
alva e macia,
Como seda mais pura
É frágil como brisa,
E eu, criatura soturna.
Seus cabelos são como campos,
Dourados de trigal,
Balançam ao leve vento
O admira nunca faz mal.
Seus olhos......
Misteriosos e profundos,
Encantam e intrigam
A quem nele consegue ver,
Um pouco do que há no mundo
Deste encantado ser.
Seus braços,
Como planta trepadeira
A tudo cobrem no abraço,
Envolvente como teia.
Tudo em ti é mistério.
Tudo em ti é descobrimento.
Tudo em ti é despautério.
Tudo em ti é sentimento.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

É Só Olhar.

Não é preciso escutar,
Para se ouvir alguém falar.
Não é preciso proximidade,
Para se ver quem se quer bem.
Não é preciso falar,
Para se tocar um coração.
Basta um olhar.
Um olhar simples, puro.
Um olhar sem maldades,
Sem nenhum tipo de malícia
Ou interesse.
Um olhar infantil.
Um olhar de compartilhamento.
Basta só um olhar
Para se conseguir
Atingir um coração alheio.
As palavras podem ferir.
As palavras, normalmente, são desperdiçadas,
Muitas das vezes são gritadas
Para se fazer ouvir,
E nem sempre se consegue.
Aprende-se a falar aos dois anos,
Mas manter o silêncio é muito difícil.
Um olhar não...
Um olhar é tudo,
Um olhar conforta.
Só um olhar
Tem este poder.