Assopro devagar,
As cinzas no peito deixadas.
Tentando ainda encontrar,
Um pouco da fogueira apagada.
Escondido entre restos,
De algumas emoções vividas.
Vou regendo feito maestro,
O fogo perdido da vida.
Sopro devagar,
Para não levantar poeira.
Deixando a vista enxergar,
Sem criar nova barreira.
E a brasa aos poucos se aquece,
Tentando de novo inflamar.
Lembrando do que não esquece,
Queimando o que tem de queimar.
Não me falta o prazer,
Mesmo sem poder sentir.
Se o amar não é por querer,
É melhor desistir.
A chama arde teimosa,
Querendo de novo apagar.
Esta chama é preciosa,
Tenho que a alimentar.
Se um dia ela me apaga,
Morro lento, devagar.
Só um anjo me afaga,
E me põe para sonhar.