O que havia

 

Por que choro  a tarde
Quando vem a solidão
A saudade que não parte
Atormenta o coração

No fim de mais um dia
Vem a noite escurecendo
Traz consigo a fantasia
Do que não estou vivendo

Me pego em oração
Buscando a força que fugiu
Buscando a interação
Com a parte que partiu

Aos poucos vem a calma
As lágrimas vou enxugando
Liberto então a alma
Para ela seguir sonhando

Aos poucos adormeço
Esperando um novo dia
A Deus eu agradeço
Pela vida que havia.

19/06/20

 

Culpado

Eu sou culpado
Em espalhar tanta dor
Em deixar dois machucados
Machucados de amor

Sofro a terrível punição
Minha cabeça me acusa
Na hora que veio o não
A vida não me ajuda

Me deixa isolado
Sozinho numa ilha
Sem ninguém ao lado
Sou mãe sem uma filha

Se pudesse voltar no tempo
Em uma nuvem montado
Carregado pelo vento
Até ficar ao teu lado

Juro que não saberia
O que a ti dizer
O olho só choraria
De tanto arrepender

Em silêncio ficaria
Só a ti admirando
Esperando que sorria
Para sempre nos amamos.

20/06/20

 

 

 Guerra

 

Espero não me ferir,

nesta guerra que é  travada,

entre o não para ir

ou o sim de uma jornada.

 

Nela não tem canhões,

 só um monte de feridos,

as mãos que conduzem os cordões,

é a mesma que ajuda os aflitos.

 

Não tem sangue derramado,

só lágrimas em quantidade,

fazer o certo do  errado,

é o que nos traz a verdade.

 

Nesta guerra não tem ruídos,

só gritos abafados,

nada nela faz sentido,

do inimigo és cercado.

 

A esperança vem de cima,

pelas mãos do Ser maior,

 ela muda todo o clima,

faz o bom ficar melhor.

 

E Nele nos agarramos,

os joelhos estão dobrados,

de mãos juntas nós oramos,

 rogando ao Pai amado.

 

24/06/20

 

 

Lembranças

 

É de madrugada,

que com meus medos converso,

as vezes não digo nada,

as vezes eu até me confesso.

Procuro olhá-los de perto,

 mesmo sendo assustadores,

 mostrando o que é certo, e

espantando seus horrores.

O rosto as vezes se salga,

numa incompreensão,

depois vem uma calma,

e um pedido de perdão.

Meus medos ficam escondidos,

nos meus panos de esperanças,

com seus planos eu que lido, esperando

 chegar a bonança.

As vezes eles ganham,

e as forças diminuem,

normalmente eles apanham,

e com medo se diluem.

E assim a vida segue,

entre medos e esperanças,

tem gente que os negue,

eu os faço lembranças.

24/06/20