sábado, 8 de fevereiro de 2014

Nem o tempo



Na folha limpa jogo letras,
Como barcos jogados no oceano.
Descrevendo as minhas tretas,
Arruinando o que tinha de plano.

Vou escrevendo sem ser,
O poeta tão desejado.
Sem minha musa a poder ver,
Escrever sobre o nosso passado.

O tempo corrói o corpo,
Despejando o que não queria.
Um dia serei mais um morto,
E apagará a fantasia.

Serei uma possível lembrança,
De algo que foi um dia.
De um mundo de esperança,
Que se findou na covardia.

As juntas já me doem,
Os cabelos embranquecem.
Os dentes já não roem,
As mãos  já estremecem.

Mas na ligeira lembrança,
Este mundo só me há.
Escrevo na esperança,
Disto nunca se apagar.

Como ondas, vai e vem,
Em uma praia se perdendo.
E um beijo e não cem,
Vai em mim sempre vivendo.

A saudade foi plantada,
Em um peito que ardia.
Nem o tempo, nem um nada,
Vai gastar esta magia.


2 comentários:

  1. Que exagero!

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  2. é uma mão na mão que nunca vem e que deixa mais uma de suas fãs a estremecer de tristeza.
    Nenhuma bela poesia substitui isso.

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