Tem de ser o céu.
Tem de ter o atrativo.
Tem de ser o mel.
Tem de ter o perigo.
Tem de ter o prazer.
Tem de ter o dourado.
Tem de ter o fazer.
Tem de ter um enamorado.
O sangue borbulha nas veias,
O coração dispara que só.
A perna até bambeia,
Me escondo em filó.
Um dia fogo de sol
E até se deita em poema.
No outro um gelo glacial
E se despe da diadema.
Oh! inconstância bendita
Que não consigo entender.
Por mais que reflita
Só me faço perder.
Águia que voa só.
Nuvem passageira.
Vou andando como Ló,
Sem perder a estribeira.
Aguardando o tempo de colheita,
Daquilo que foi docemente plantado.
Em cama de seda se deita,
E eu permaneço calado.
És como ar.
És como vento.
Não se pode segurar.
Apenas seguir o movimento.
Vem a mim quando der,
E se Deus assim permitir.
Você é a mulher,
És quem gosto de sentir.
Alma Perdida - Poema de Florbela Espanca
Há um dia
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