Como um triste fado,
Ouço meu coração.
Nem tudo ficou de lado,
Deixei somente o não.
O resto carrego comigo,
Embrulhado em papel lindo.
Vou dar ao meu inimigo,
Tudo que tenho, sorrindo.
Já me doei a tanta gente,
Que não deram o valor devido.
Quem sabe assim, de repente,
Ele não se torna mais um amigo.
Se ele não aceitar,
Deixarei plantado no chão.
Esperando logo brotar,
Mais uma esperança em vão.
E o fado soa arrastado,
Com sua tristeza sem fim.
Parece que foi talhado ,
Em uma parte de mim.
Os olhos já não vou enxugar,
De nada adiantaria.
As guitarras estão a chorar,
Acompanhando a cantoria.
Vou dar a dor de beber,
de vinho do Douro, um copo.
Para tentar esquecer,
aquilo que não posso.
Alma Perdida - Poema de Florbela Espanca
Há um dia
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