Invento na noite um poema.
Vazio, como deve ser.
Falando sobre qualquer tema,
Desde que tenha você.
Meus olhos, em manto sagrado,
Duvidam de meu viver.
Não há mais nada a ser falado,
Depois de seu desaparecer.
Nas recordações da ausência,
Me deixo plantado em um canto.
Buscando onde está a essência,
De todo este desencanto.
No peito secaram as rosas,
As folhas o vento espalhou.
As pétalas que eram nossas,
Muitos pés já as pisou.
Juntando restos de ternura,
E abafando a imensidão.
Não tem nada mais dura,
Que a dor no coração.
As mãos tocam teu nome,
em uma moldura estampada.
A cada dia mais some,
O que tinha ali guardada.
Desaparecendo no ar,
Como se fosse fumaça.
Não há como gritar,
Enquanto houver a mordaça.
Alma Perdida - Poema de Florbela Espanca
Há um dia
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