quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Auto-flagelação

Não estou fazendo mal a ninguém,
mas a mim mesmo.
Estou me punindo
por ter um sonho inalcançável,
por não poder ter mais a esperança
de estar no paraíso.
Estou me matando
para que não tenha mais à vontade
de ter o prazer de dar prazer.
Estou me afastando
ou não mais acompanhando,
tão de perto;
o meu sonho,
ainda que fosse só por alguns minutos.
mas era o meu sonho.
Sei que estou sofrendo,
sei que estou sangrando,
minhas chagas estão cada vez mais profundas
assim como profundo é o meu desejo.
Só não sei se estas chagas irão cicatrizar,
ou quando irão cicatrizar.
E as marcas que ficarem, para que servirão.
Servirão para me lembrar do quanto sofri
ou serão para formar uma casca grossa
que irão endurecer meu corpo.
Não sei.
Depois de tantos anos de lutas,
de vitórias e perdas,
de entrega e solidão,
de sentimentos e sofrimentos,
estou me auto-flagelando.
Assim como os religiosos
que se auto-flagelam,
na certeza do pagamento de seus pecados
ou na esperança de um milagre.

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