domingo, 24 de julho de 2011

Absurdamente Absurdo

Sou reprodutor como um burro,
Sou peixe como baleia.
Da girafa herdei o urro,
Tenho tudo que se anseia.

Tenho o preto da flor,
Que na vida me maqueia.
Sou carregado em andor,
Para a pira da aldeia.

Vou ao fundo do mar morto,
Embora pareça absurdo.
A dor eu não absorvo,
Deixo ela no obscuro.

Faço da vida escória,
Levando como ela o quer.
Não sobra poeira nesta história,
Nem guardada na sola do pé.

Sou caminho que passou,
Sou vento que não sopra.
Sou som que não soou,
Sou apenas folha morta.

Deste modo sou levado,
Por trilhas desconhecidas.
Cada vez mais acabado,
Pelo tempo desta vida.

Então se fez meu mundo,
Como se parido por mulher.
De um ventre não fecundo,
Só sai o que não se quer.

Mas eu sou teimoso,
Briguento e turrão.
Não vai ser um invejoso,
Que me deixará de quatro no chão.

Quebro a cara,
Vou a briga.
A ferida depois sara,
Só fica a lágrima escorrida.

Secado o rosto inteiro,
E com disposição renovada.
Serei de novo vaqueiro,
Montando na vida braba.

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