quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Não Consigo




Não consigo escrever
Sem estar com algo envolvido
É como aos poucos morrer,
Sem forças, combatido.

Tem de haver uma ligação forte,
Com o que sinto e o que vivo.
Ou então com muita sorte
Reviver o já vivido.

Seja em lampejo de memória
ou  da lembrança um fragmento.
Volta de vez a história
E me leva a  este momento.

Esta emoção ganha vida
e vai parar no papel.
E me tem como escolhida
E me move com seu cordel.

Não consigo arrancar palavra
de onde elas não podem sair.
É como andar sobre lava,
Ou voltar sem ainda ir.

Amarrá-las a força, no papel,
é um aborto invertido.
É como fazer rapel,
Em um vidro quebradiço.

E por não ter esta condição,
Não consigo as fazer nascer.
Suaves, sem agressão,
Como sempre deveriam ser.

Por isto não estou escrevendo,
Tudo aqui foi programado.
Escrito a já algum tempo,
Em um tempo encantado.

É hora de repouso,
é outra a emoção.
A alma deu um pouso,
Precisa de uma razão.

Mais reais e menos fantasiosas,
É o momento agora.
Nem há verso, nem há prosa,
Que me leve pelo mundo afora.
 
A magia de se viver
neste  mundo encantado,
Se deixou esconder,
foi até o outro lado.

Sou só escrevinhador,
Eu não sou poeta.
Eu escrevo na dor,
Até ela me completa.

Não morri, só vou descansar.
Por quanto tempo não sei.
Um dia ela vai voltar,
E de novo escreverei

Pode ter a eternidade de um dia
Ou de um ano, uma fração.
Que retorne a fantasia,
Que renasça a emoção.

Por isto aqui quase não venho,
para do que não foi, viver.
Prefiro manter no cenho,
a alegria deste ser.

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