Sem rumo
Vou sair por ai
Somente a andar
Vou aqui, vou ali
Sem ter onde parar
Vou na terra, vou no mar
Vou planície, vou deserto
Somente mais um a vagar
Sem se ter um rumo certo
Espalhando o que carrego
Seja dor ou seja amor
De onde venho sou cego
Não sou nem um sonhador
Gostaria poder voar
Não cansaria minhas pernas
Teria onde pousar
Escolheria a árvore certa
Ali faria meu ninho
Confortável e resistente
Me cercaria de carinho
Que não tive de tanta gente.
Escuridão
Meu caminho é invisível
E nele vou tateando
Nada nele é previsível
Mesmo assim eu vou andando
Tropeçando todo tempo
Caindo e levantando
Tenho como pensamento
Tudo isto está passando
Um dia a luz virá
Iluminar o meu caminho
Só então se saberá
Para onde eu me encaminho
Enquanto a luz não vem
Minhas mãos eu vou usando
Buscando ir mais além
De onde me vi chegando
De onde parti um dia
E onde pretendo chegar
Meu olhar de fantasia
É o que me faz sonhar.
Faz parte
Meus sonhos mudaram
E eles não acabam com a dor
Eles até se calaram
Mas não podem matar um amor
O amor é mais forte
O sonho é ilusão
O amor é muita sorte
O sonho não é não
Amar é uma arte
O sonho é um desejo
Viver com eles faz parte
Viver sem eles eu não me vejo
O amor não muda
Quando ele é verdadeiro
No sonho se iluda
Não serás mais o primeiro
Ambos são promessas
De uma vida bem melhor
No meio de tantas rezas
Esperamos o melhor.
O meu pecado
O meu pecado foi achar
Que o mundo que sonhei exista
Que era um lindo lugar
Onde eu descansaria
Meu pecado foi não ver
O tudo que estava envolta
Assim sem eu saber
O mundo dava volta
Eu, cego pelo amor,
Me joguei de corpo inteiro
Sem pensar no dissabor
Do amor, meu companheiro
Era tudo ilusão
Este mundo encantado
Criado na solidão
Do coração despedaçado
No meu pecado recolhi
Meus pedaços espalhados
Vivi o que vivi
Neste mundo imaginado.
A esta menina
Que passeia na praça
Em volta da cruz
Faz tanta pirraça
E tanto seduz
Seu lindo sorriso
É sempre um encanto
Acho que por isso
Eu a vou amando
Tão simples, tão bela
Não dá para descrever
É uma janela
Ao alvorecer
Não pude conter
Esta mulher menina
Para que fui te ter
E ficar com esta sina
Só bate saudade
O tempo não passa
E a menina verdade
Não sai desta praça.
Insanidade
Converso com as paredes
Contando as novidades
Elas me respondem as vezes
Como se fossem verdades
E o nosso papo vai longe
Quase que interminável
Elas acabam sendo fonte
De uma conversa amigável
Contamos nossos segredos
E muitas coisas íntimas
Falamos de nossos medos
E de coisas muito ínfimas
As vezes nós sorrimos
De fatos que passamos
Nós temos os nossos mimos
E até nos abraçamos
Pode parecer loucura
Ou pequena insanidade
Mas é uma conversa pura
Sem um pingo de maldade
Daqui a pouco volto
Para com ela conversar
Das repressões me solto
Para o peso aliviar.