quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

 

 O jogo

 

Jogo isolado
Num jogo bem sozinho
O tempo que foi dado
Já era  no finzinho

As regras ocultas
O campo escondido
Sem uma consulta
No que lhe é dito

Só resta jogar
Sem nunca perder
E se empatar
Vais ter de ceder

É um jogo estranho
Que não quero jogar
Eu sempre apanho
Por nunca ganhar

Mas sigo jogando
Não tem como fugir
Eu sempre apanhando
E você a sorrir.


 

 Parto

Vou pro meu quarto
Dormir chorando
Fazer este parto
Que está me matando

Extrair este feto
Que não para de crescer
Tentar o que é certo
Sem ter de perder

Um fórceps usar
Com total violência
Tentar abafar
A maldita carência

Me encolher em um canto
Parar o sangramento
Nem que para tanto
Esteja morrendo

Não tenho sossego
Por tudo que guardo
Foi só um tropeço
E um belo de um fardo.


 

 

 

 

2 comentários:

  1. Pois é...Sua poesia fala Duma coisa que eu não acredito...Que a vida seja um jogo que muitos perdem pra poucos ganharem. A vida não é um jogo. Beijinhos e feliz dia. 🤗

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    1. Não falo do jogo da vida, mas do jogo da morte (devido a problemas cardiológicos), em que jogo sozinho, o tempo todo.

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