Era sexta-feira, pela manhã,
o momento da partida se aproximava,
e uma imagem, perpétua, se formava.
Guardo nos meus olhos uma imagem,
a imagem desta pessoa linda,
deitada em minha perna,
pensativa... longe...
pensando onde foi se meter?,
ou por quê se meteu? ,
mas já era tarde,
ou pelo menos,
já era um pouco tarde agora.
E ela, olhando para fora
pela cortina branca,
semi-transparente,
que esvoaça na brisa suave da manhã,
teimando em querer ficar reta,
tentando não ser vencida pelo vento,
tentando esconder a cidade de cimento frio
que existe lá fora,
ou as montanhas que se formavam
no belo horizonte.
E eu a fico olhando,
olhar o horizonte,
olhando aquele rosto tão bonito,
deitado em minha perna,
tão perto e tão longe,
de uma realidade que não existe,
que não pode existir.
Acaricio seus cabelos,
pensando em quando nos esconderemos de novo
da cidade de cimento,
fria, que existe lá fora.
E eu fico olhando ela olhar o horizonte,
olhando aquele rosto tão angelical,
deitado em minha perna,
pensando em um mundo de fantasias.
Continuo acariciando seus cabelos macios,
tentando aproveitar o máximo a sua presença,
pensando em quando teremos novamente
este prazer efêmero.
Poema "O tempo" de Bernardina Vilar
Há 11 horas