Como um Bolero de Ravel

Como um bolero de Ravel
Você foi envolvendo meu corpo
Já não era mais estável
Me manter naquele jogo

Tentei escapar
Como numa fuga
Nem consegui me achar
Precisava de muita ajuda

Seus movimentos eram suaves
Como numa ária
Me sentia uma ave
Em uma penitenciária

Como uma rapsódia
Fui dividido em várias partes
Sem nenhum tipo de paródia
Mas com um pouco de arte

E esta orquestra fui regendo
E sendo também regido
O peito vai sofrendo
E o coração espremido.

04/05/20

 

 

 

 Guerra

 

Eu vejo um campo
Um campo de guerra
Os corpos são tantos
Há sangue na terra

O cheiro é forte
Nos faz recuar
A dona da morte
Está a chamar

Não há vencedores
E suas histórias
Só há perdedores
Com suas memórias

Os medos que ficam
Me riscam a alma
E eles indicam
A falta de calma

Só choro, sem vela,
E muita oração
Uma cena daquela
Destrói emoção.

04/05/20

 

 

 

 

 Azul

 

Queria colher o azul do céu
Para de novo te enfeitar
Te botar de novo o véu
E ficar a te olhar

Queria distribuir as flores
Todos os teus perfumes
Para elas sentir os amores
E ficarem com ciúmes

Queria poder no sol chegar
E avisar que ele não é forte
Que ao teu calor comparar
Nem com muita sorte

Queria nas nuvens morar
Chegar mais perto de Deus
E conosco levar
O amor meu e o seu

Queria tanta coisa nossa
E o tempo não deixa
Então faço em verso e prosa
Meu reclame como queixa.

05/05/20